Última atualização em 17 de maio de 2025 Jornalista RenatoGlobol
A distopia já chegou, só esqueceram de avisar o porteiro
Então tá, galera. Seguinte: eu tentei ficar na paz, juro. Tentei meditar com mantra tibetano no Spotify, tentei cheirar essência de alecrim, tomar chá de camomila, ouvir um Jazz em volume baixo e fingir que estava tudo bem. Mas olha… não dá. A paciência acabou. E olha que minha paciência é tipo mãe solteira com três empregos: aguenta tudo, menos desaforo.
Vamos parar com a palhaçada: o futuro virou uma distopia de quinta categoria, dirigida por um roteirista medíocre de novela das seis. Não teve nem orçamento pra efeitos especiais. Nada de naves brilhando no céu ou inteligência artificial que cita Shakespeare. Só boleto, Uber demorado e taxa cara, e call no Zoom com chefe passivo-agressivo que acha que é coach. E o mais triste? A gente tá aceitando tudo isso com um sorriso de palhaço e gratidão de escravo moderno. Ah, mas calma… tem gente que acha isso “normal”. Que acredita que é só “ter mentalidade de sucesso” que tudo vai dar certo. Vai sim, campeão. Vai direto pro buraco, mas com pensamento positivo e feed do Instagram impecável.
A galera do “mérito” e o show de horrores
Olha, não sei você, mas eu não aguento mais essa turma do “empreendedorismo de palco” , essa galera do “acorda 5 da manhã, toma banho gelado, lê 40 livros por mês e monta 3 startups com R$ 7,50 e um pacote de Club Social”. Ah, vai catar coquinho no deserto, meu amigo.
Esse papo de que “todo mundo pode vencer” é igual aquela frase do Silas Malafaia: parece motivacional, mas na verdade é só manipulação com glitter. E no fundo, a mensagem é sempre a mesma: se você não tá milionário aos 30, o fracasso é todo seu. Dane-se que o Brasil é um país onde ainda existe muita pobreza, educação e saúde são artigos de luxo. Mas o coach tá lá, te olhando do alto da cobertura alugada, com o iPhone financiado em 24x, dizendo que “você precisa acreditar mais em você” . Ah tá. Vou acreditar tanto que vou flutuar. Sai da frente que eu viro um balão.
Os bilionários e a seita do capitalismo místico
E falando em balão, alguém segura esse foguete do Elon Musk, porque ele tá desgovernado. O cara quer colonizar Marte enquanto aqui na Terra falta água, comida, dignidade e, principalmente, vergonha na cara. Mas tem gente que idolatra. Idolatra! Trata bilionário como se fosse um semideus. Ah, o Larry Ellison é um visionário! O Jeff Bezos é um gênio! O Mark Zuckerberg é um mestre!
Meu amigo, gênio era o Tim Maia, que dizia: “não fumo, não bebo e não cheiro… só minto um pouco” . Esses caras aí são só gente com grana demais, empatia de menos e uma compulsão insaciável por controle. É tipo o vilão do desenho, só que sem carisma. Você acha mesmo que alguém acumula 100 bilhões honestamente? Na moral? Acha mesmo que dá pra enriquecer assim sem passar o trator por cima de umas mil almas? Que é tudo suor, foco e disciplina? Acorda, Alice! Isso aí é capitalismo, não é Hogwarts.
A política virou uma rave de lunáticos
Agora, se você acha que o problema é só na iniciativa privada, deixa eu te lembrar que a política virou um picadeiro onde os palhaços ganham o prêmio de melhor ator. A extrema direita abraçou a burrice com tanto amor que parece um casamento forçado entre o WhatsApp da tia do zap e o QI de um pepino.
Gente que acredita em “globalismo”, “kit gay” e acha que o aquecimento global é invenção da Greta Thunberg e do ET Bilu. E o pior: votam. E elegem. E aí a gente tem que assistir a um desfile de excremento verbal toda semana. Tem deputado que acha que a Terra é plana e que vacina muda o DNA. E tem gente aplaudindo de pé. É o fim da picada, mas com cobertura de chantilly e cereja podre.
Enquanto isso, o progressista que tenta argumentar é chamado de “esquerdista chorão”, como se defender justiça social fosse coisa de criança mimada. Meu amigo, mimado é quem nunca limpou a própria privada e acha que pobre é vagabundo. Mimado é quem quer democracia só quando convém. Mimado é quem quer liberdade de expressão pra espalhar fake news e ódio.
SolarPunk ou surtar de vez
É por isso que, aqui no Jornal Ambiente, a gente meteu o pé na porta e gritou: AGORA É SOLARPUNK NA VEIA!
Chega de distopia importada dos EUA com filtro azul e android melancólico. Chega de glamourizar o colapso. Chega de aceitar um mundo onde lucro é mais importante que gente.
O SolarPunk é o futuro que a gente escolhe na marra. É utopia com terra no pé, com sol na cara, com comida no prato e dignidade no peito. É agroecologia, é comunidade, é energia limpa, é desobediência civil com flores. É olhar no olho e dizer: “não, eu não aceito esse lixo de mundo que vocês estão empurrando com marketing de LinkedIn.”
O SolarPunk não é só estética. É ética. Não é só design. É resistência. Não é só futuro. É urgência.
Se o sistema quer nos sufocar com crise, precarização e desesperança, o SolarPunk responde com horta vertical, assembleia popular e canção de protesto. Se o presente é um pesadelo corporativo, o SolarPunk é o despertar coletivo. Se a tecnologia foi usada pra vigiar, vamos usá-la pra liberar. Se a natureza foi explorada, vamos regenerá-la. Se o mundo tá um caos, então vamos construir o nosso próprio futuro — verde, justo e cheio de luz.
Então, se você ainda tá achando que tudo isso é exagero, que “não é bem assim”, que “tem que ver os dois lados”… meu querido, vai lá sentar com o Datena e o Alexandre Garcia. Aqui a gente vai plantar árvore, derrubar fascista e rir da própria desgraça — tudo ao mesmo tempo.
Porque se for pra viver num mundo zoado, que seja pelo menos com consciência, poesia e um pouco de sarcasmo. E, acima de tudo: que seja SolarPunk .
Assinado,
Renato Globol