Última atualização em 30 de outubro de 2025 Jornalista RenatoGlobol

Manifesto: Pela Vida, Pela Justiça, Pela Memória — Somos Quem Nunca Será Silenciado
Nós, jornalistas, jornalistas-escritores, ativistas, irmãos e irmãs de luta, ergueremos nossa voz hoje em uníssono — por aqueles assassinados que caíram no massacre, pelos que ainda vivem, pelos que resistem.
1. A Tragédia do Massacre que Nunca Mais Pode Ser Só Um Número
Quando o estado entra em territórios periféricos atirando antes de dialogar, apagando vidas antes de dar ouvidos, estamos diante de algo mais que uma operação: estamos diante de um massacre, de uma política sistemática de morte.
A recente megaoperação nos Complexo da Penha e Complexo do Alemão, sob o governo de Cláudio Castro, deixou ao menos 119 pessoas mortas, dezenas de corpos amontoados em praça pública, como se vidas negras e pobres fossem cacos descartáveis.

Massacre denunciado
Não foi acidente. Foi previsível. Não foi escândalo isolado. É rotina.
2. A Responsabilidade pelo Massacre que Não Pode Ser Negada
Governador Cláudio Castro — você é responsável. A operação, o comando, o aparato de agentes armados, helicópteros. A lógica do “bandido bom é bandido morto”.
As organizações de direitos humanos o chamam de “Governador dos Massacres” como também apontou a midia internacional
Exigimos: investigue-o, denuncie-o, julgue-o, prenda-o se for o caso. Porque não há democracia com genocídio silencioso de corpos negros e pobres.
3. Solidariedade às Famílias, Reverência à População Afrodescendente

Às mães que esperaram o filho vivo e receberam prato frio no leito de hospital. Às avós que veem os netos marcharem ou sumirem em operações que nunca pediram. Às irmãs, aos irmãos, às comunidades que choram. A vocês, toda nossa reverência.
À população afrodescendente brasileira — que vive nos territórios da invisibilidade e da superexploração — estendemos nosso carinho, nossa aliança, nosso compromisso. Vocês são fundamentais. Suas vidas não são dano colateral. São a própria história que este país insiste em negar.
4. Crianças, Idosos e Comunidade — A Educação da Consciência e da Liberdade
Essa tragédia aparece quando o Estado não educa, mas treina, não acolhe, mas invade. Em vez de escolas abertas, temos tanques fechados. Em vez de sabedoria ancestral, temos corridas cegas por “produtividade”, “competitividade”, “lucro”.
Nós sabemos: a criança que vai à escola apenas para entrar no sistema — ganhar dinheiro, fama, distinção — pode estar sendo “educada” para a alienação, e não para a liberdade.
E o idoso? Muitas vezes descartado. Mas sabemos mais: ele carrega os feitos emancipadores, as histórias que costuram coletividades, que aninham pertencimento.
Propomos: educação que emerge da comunidade, dirigida pelos pais, pelos vizinhos, pelos guardiões — onde se aprenda a ser consigo mesmo, a cuidar do outro, a irradiar alegria e equilíbrio. Onde o idoso seja reverenciado por seus feitos, não apenas por sua idade.
5. A Proposta que Vai Além da Revolta — Caminhos Concretos
Nós exigimos uma nova política de segurança pública. Que não seja guerra, mas cuidado.
Desmilitarização das abordagens nas favelas.
Presença do Estado que cuida, não que destrói.
Escolas em tempo integral, lazer, espaços de convivência, cultura. Emprego, renda, capacitação. Habitação digna, saneamento, urbanização, regularização fundiária.
Porque segurança verdadeira não se faz com corpo sobre o asfalto. Se faz com vida plena. Com afeto. Com sentido.
6. Justiça Social, Reparação e Reconstrução
Não basta contar corpos. É preciso reintegrar vidas.
Não basta lamentar. É preciso investigar. É preciso responsabilizar. É preciso transformar a cultura política que mata.
A reparação não é filantropia: é exigência civilizatória.
As comunidades negras e periféricas não esperam migalhas. Esperam justiça. Esperam reconhecimento. Esperam protagonismo. Esperam serem o que sempre foram: fundamentais.
7. Mobilização, Conscientização e Ativismo
Não estamos sós. Este é mais que um manifesto contra massacre e chacinas contra preto e pobre, é chamado à ação.
Se você lê, compartilha. Se você sente, age.
Se você é jornalista, denuncie. Se você é educador, transforme a sala de aula. Se você é pai ou mãe, erga a voz. Se você é idoso, conte sua história — pois ela é munição de mudança.
Construamos juntos, passo a passo, um Brasil onde os corpos e as almas negras e periféricas brilhem com pertencimento, não com medo.
Onde a criança cresça não sob vigilância, mas sob afeto e comunidade. Onde o idoso viva não no esquecimento, mas na reverência.
8. Conclusão — Da Revolta à Luz
Levanto minha caneta, ergo meu microfone, estendo minha mão à comunidade — e digo: basta.
Basta de massacre, mortes justificadas pelo discurso de ordem, na verdade discurso falso moralista, que esconde na verdade o ódio ao preto que no Brasil tem cor e CEP definidos, como sabemos todos nós.
Basta invisibilidade social.
Basta educação que aliena.
Basta idosos ignorados.
Hoje reivindicamos: vida, justiça, afeto, história, comunidade.
Nosso futuro não será forjado por tanques e balas — será forjado por consciência, amor, sabedoria ancestral e coragem coletiva.
Nada de operação que represente mais uma chacina, massacre. Façamos desse massacre um divisor de águas. Que cada comunidade se levante, organizada, forte, ciente de que não é problema — é solução.
Porque transformar o mundo começa por transformar nossa mentalidade e nosso mundo interior.
Porque quando as pessoas descobrem que são fundamentais, tudo muda. Mudo eu, muda você, mudamos nós. Muda Brasil.

