Última atualização em 29 de novembro de 2024 Jornalista RenatoGlobol
O Contraste Entre a Realidade do Trabalhador e a Vida Dos Nossos Parlamentares
Imagine a cena: é uma segunda-feira comum, e você, trabalhador brasileiro, está enfrentando mais um dia de labuta. Já são seis dias seguidos de esforço constante, porque, claro, o país não vai se mover sozinho. E enquanto você se dedica a essa rotina pesada, lá em Brasília, um grupo distinto de indivíduos, nossos deputados, cumpre sua agenda de trabalho… três vezes por semana. E, claro, entre um compromisso e outro, ainda há tempo para aquele cafezinho, as selfies, e um almoço digno de quem realmente merece.
Enquanto você se esforça com uma carga de seis dias por semana, eles mal começam a trabalhar e já estão de olho na quinta-feira, planejando mais um fim de semana prolongado. E quem ousaria questionar a “dedicação” desses parlamentares? Claro, falar de privilégios no trabalho é um exagero. Afinal, quem não gostaria de trabalhar apenas três dias por semana, com todos os benefícios necessários para garantir o mínimo de esforço físico e emocional?
A Visão da Elite Brasileira sobre o Trabalho dos Outros
Nossos representantes em Brasília adoram a ideia de que o trabalhador tenha que sacrificar quase toda a sua semana para garantir o funcionamento do país. Se, por acaso, um trabalhador pede mais tempo de descanso, logo surgem discursos sobre o impacto negativo disso na economia, no mercado de trabalho e no progresso nacional. Não é emocionante? Enquanto você enfrenta filas intermináveis e o transporte lotado, eles reclamam do preço do combustível para seus jatinhos e das longas filas nos aeroportos.
E quando alguém de sua classe se atreve a pedir condições mais justas, lá estão os defensores da produtividade, oferecendo lições de moral: “É necessário trabalhar mais para o bem do país”, dizem, sem perceber que a verdadeira carga deles se resume a escolher entre a Riviera Francesa ou Miami para o próximo recesso parlamentar.
Reforma no Calendário de Trabalho: O Sonho de Todo Trabalhador
Agora, imagine se a eficiência de nossos parlamentares fosse transferida para o trabalhador comum. Um dia típico para você seria dividido entre reuniões e planejamentos como os que eles fazem, com a vantagem de poder descansar de quinta a segunda-feira. Mas, claro, essa “eficiência” só vale para quem já atingiu o status de político, ou seja, um trabalho repleto de benefícios e prazeres enquanto se afastam das promessas que um dia fizeram.
E para quem precisa realmente trabalhar, o prêmio pela dedicação vem com reajustes de salário, benefícios, auxílios e planos de saúde vitalícios. Afinal, quem trabalha apenas três dias por semana também merece uma recompensa à altura do seu esforço, não é mesmo?
A Indignação Seletiva da Elite Política
Nos últimos tempos, qualquer tentativa de discutir uma carga horária mais justa para o trabalhador, como a proposta de uma jornada de 5 dias, é prontamente atacada. A elite política, de maneira quase religiosa, se apega à ideia de que a exaustão é um valor moral. Afinal, só com o sofrimento do operário o chefe pode descansar e quem sabe até renovar o guarda-roupa com mais um acessório de luxo.
Imaginemos o choque que seria se, de repente, a carga horária se tornasse mais equilibrada para todos. Isso, sem dúvida, abalaria o sistema que mantém o alto escalão sempre em uma posição confortável. Então, na próxima vez que ouvirem sobre a jornada de seis dias, lembrem-se de que, enquanto você ainda se esforça no trabalho, há sempre alguém lá em cima tentando garantir que esse ritmo nunca mude.
O Movimento Vida Além do Trabalho: Pela Liberdade da Jornada Humana
É aí que entra o Movimento Vida Além do Trabalho (VAT), que traz à tona um grito de liberdade: “Chega de viver para trabalhar!” E qual seria a reação dos nossos parlamentares? Certamente, eles achariam estranho alguém sugerir que quatro dias de trabalho são suficientes. Afinal, como alguém poderia viver com tão pouco trabalho? A ideia de reduzir a carga de trabalho semanal é vista por muitos como uma ameaça, mas os números não mentem: o movimento já conta com mais de 1,5 milhão de assinaturas.
A deputada Erika Hilton, por exemplo, defende uma mudança fundamental no conceito de trabalho, argumentando que a qualidade de vida dos trabalhadores deve ser respeitada e, sim, merecem mais tempo para descansar e para viver uma vida fora da pressão constante de sua profissão. Mas, ao que parece, esse conceito é incompreensível para aqueles que veem o trabalho como um fardo eterno e insubstituível.
Lutar por uma Nova Realidade
Portanto, é hora de nos questionarmos. Que tal começarmos a lutar para que nossa vida não seja definida pelo trabalho sem fim? Vamos nos unir a movimentos como o VAT, assinar abaixo-assinados e fazer barulho para que nossas vozes sejam ouvidas. Não podemos mais aceitar que nossas vidas sejam reduzidas a uma maratona de esforço, onde nunca há espaço para descanso ou para viver. Chegou o momento de reivindicar um futuro onde o trabalho não seja um castigo, mas uma parte equilibrada da nossa existência.
Por: Renato Mendes de Andrade – Jornalista – MTB 72.493/SP
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