Tragédia de Mariana Racismo e Impunidade
por Jornalista RenatoGlobol · Published · Updated
Última atualização em 15 de novembro de 2024 Jornalista RenatoGlobol
Quando a lama da barragem escorre mais limpa do que a justiça brasileira.
Sete anos depois do rompimento da barragem de Fundão, a justiça brasileira decidiu o que parecia impossível: absolver as empresas e pessoas que deveriam responder por um dos maiores desastres ambientais e humanos do Brasil. Não foi só a lama que sufocou vidas e destruiu ecossistemas; foi também a elite branca, protegida pela estrutura racista e complacente de um sistema jurídico feito para poupar poderosos. E agora, diante da decisão, a pergunta grita: quem paga por essas vidas? A resposta parece ser sempre a mesma—ninguém.
A Decisão que Escandalizou o Brasil
No último dia 14, a juíza Patrícia Alencar Teixeira de Carvalho decidiu que não havia provas suficientes para responsabilizar criminalmente as empresas Vale, Samarco, BHP e os envolvidos. Ah, é sério isso? Falar que faltaram provas é quase um tapa na cara de quem perdeu familiares, casas e até a própria identidade em Mariana. Mais de 60 milhões de metros cúbicos de rejeitos invadiram cidades, rios e florestas. Mas parece que o tribunal estava mais preocupado em proteger os lucros dessas gigantes do que em ouvir os clamores das vítimas.
Aliás, vamos combinar: quando foi que essas corporações ficaram sem “bons advogados”? A narrativa de que as melhores técnicas foram usadas e que tudo foi feito dentro da lei é um jogo de palavras para mascarar negligências graves. A tragédia foi resultado de escolhas, omissões e ganância. Negar isso é negar a realidade.
Racismo Estrutural: Um Personagem Invisível, Mas Sempre Presente
Você já reparou como as tragédias no Brasil sempre afetam as populações mais vulneráveis? Em Mariana, não foi diferente. Quilombolas, indígenas e trabalhadores rurais foram desproporcionalmente atingidos pela destruição. Essas vidas parecem ter menos valor quando se trata de buscar reparação e justiça. É o racismo estrutural agindo como pano de fundo: as elites não se importam, e o sistema não responde.
A absolvição dos responsáveis reforça que, no Brasil, o lucro vale mais do que vidas humanas—especialmente quando essas vidas pertencem a pessoas negras ou pobres. É um padrão repetido desde a escravidão: trabalhadores sacrificados para o enriquecimento de poucos.
A Justiça Lava as Mãos, Mas o Sangue Não Sai
A juíza argumentou que “não houve nexo causal” entre as omissões dos gerentes e os resultados desastrosos. Como assim? Será que a lama da barragem também precisa desenhar? As empresas tinham ciência dos riscos. Relatórios prévios alertaram para problemas estruturais, e, ainda assim, nada foi feito. Essa negligência não é só culposa, é deliberada.
Enquanto isso, as famílias das 19 pessoas que morreram ficam à mercê de uma justiça que prefere passar pano para corporações bilionárias. É revoltante pensar que, mesmo com a tragédia escancarada, o sistema judicial ainda consegue dar um jeito de absolver os culpados.
A Luta por Justiça Não Acabou (E Nem Pode)
O Ministério Público Federal já avisou que vai recorrer, e ainda bem! Mas o desgaste é grande. Processos que arrastam por anos, crimes que prescrevem e a falta de punição efetiva acabam deixando claro que a justiça brasileira não está do lado do povo. Para as comunidades atingidas, isso não é novidade. A luta por reparação é cansativa, mas indispensável.
Além disso, é crucial que a sociedade civil continue pressionando, denunciando e exigindo mudanças. A tragédia de Mariana não pode ser apenas um capítulo triste da história do Brasil; ela precisa ser o início de uma transformação real.
Conclusão (ou, Melhor, Um Grito de Indignação)
Não dá pra aceitar que as vítimas de Mariana sejam tratadas como números ou que as empresas responsáveis saiam ilesas. Essa decisão judicial não é só injusta, ela é um reflexo de um sistema falido, onde o racismo estrutural e a impunidade corporativa andam de mãos dadas.
A lama que desceu da barragem continua manchando não só rios e terras, mas também a credibilidade da justiça brasileira. E enquanto os culpados escapam, as vítimas seguem esperando por um mínimo de reparação. Não vamos parar de gritar: justiça para Mariana, justiça para as vítimas, e justiça para o Brasil.